sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Luto: A Saga e a Dor de um Herói de Verdade


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Hoje em dia, a molecada costuma se impressionar com os X-Men.

Pois no passado, do nosso Corinthians, havia um X-Man de verdade.

Seu nome era Idário Sanchez Peinado.

Nasceu no Cambuci, na capital paulista, e desde criança tinha um sonho: ser jogador do Corinthians.

Nas ruas do bairro, lá nas baixadas do Tamanduateí, Idário aprendeu a brincar com a bola. Jogava com o coração, sempre.

E assim chegou às bases do clube, nas quais se destacou pela perseverança.

Dizem que, na época, a torcida corinthiana cresceu... Cresceu do orgulho de ver como Idário atuava com raça, dedicação e amor.

Não tinha uma bola perdida para o lateral-direito. Se tomava o drible, corria atrás para dar o carrinho salvador.

E foi assim que ao lado de Luizinho, Claudio, Baltazar, compôs o mais raçudo de todos os Corinthians, aquele que inspirou nossos avós, pais e amigos.

Idário ganhou o apelido de "Sangre", porque era de todos os corinthianos o mais valente, o mais destemido.

Enfrentava sem medo super pontas como Canhoteiro e Pepe.

A Fiel gritava: "pega ele, Idário". E ele sempre atendia o pedido.

Quando machucado, fingia estar bem para jogar pelo seu Corinthians. Botava uma faixa sobre as feridas e inchaços e enganava o médico.

Foram dez anos, de 50 a 60, de muitos títulos e glórias. No total, 475 jogos, três paulistões e três torneios Rio-S. Paulo.

Idário saiu do Corinthians sem patrimônio. Na época, ganhava-se pouco.

Passou 25 anos na estrada de ferro. Aposentou-se e foi viver com Dona Nati, uma mulher amiga e carinhosa.

Nos últimos anos, Idário passou a ter problemas de saúde. Precisava ser tratado...

Mas não recebeu a justa retribuição do clube que ajudou a construir. Nunca conseguiu realizar seu sonho simples: ter um plano da Medial Saúde.

Recebeu algumas poucas contribuições dos nossos diretores, quando já estava endividado na farmácia e com o condomínio em atraso.

Morreu sozinho, esta manhã, num pronto-socorro público, na Praia Grande.

Deixa como legado milhares de torcedores que, mesmo sem saber, viraram corinthianos por conta de sua mística de garra.

Vá em paz, nosso simpático amigo, verdadeiro herói. Que sua saga e dor sejam inspiração para um Corinthians melhor.

Retirado do http://www.loucosporti.com.br

4 comentários:

Filipe disse...

O Maior Corinthiano que tínhamos vivo, hoje foi para o outro lado. Muito mais bem recebido do que estava sendo aqui, com certeza.

Que sua MÍSTICA, Ó DEUS DA RAÇA, seja reavivada com sua morte, pois honrar teu legado será pouco ainda, por tudo que foi e por tudo o que representa.
Ele representa nada menos que o PRÓPRIO CORINTHIANS PAULISTA.

Nós somos um pouco ele, e ele ainda vive em nós.
VIVA A RESISTÊNCIA!

OBRIGADO, SANGRE!

Mônikita disse...

Descanse em paz guerreiro!

Nós somos um pouco ele, e ele ainda vive em nós.
VIVA A RESISTÊNCIA!

OBRIGADO, SANGRE![2]

Craudio disse...

Encarnemos o espírito de Idário, um exemplo de corinthianismo a todos nós.

A postura de descaso da diretoria nada mais é que outro sinal desses tempos modernos que tratam torcedores como clientes.

Salve Idário!

Afonso PJ disse...

É tudo isso mesmo pessoal. Mas antes dele outros guerreiros morreram no maior descaso, como o Baltazar e o Carbone, sem que tivessem o reconhecimento que mereciam, sem falar dos mais antigos. Assim é o Corinthians, assim é o Brasil. E acredito que um movimento como esse pode servir pra alertar e pressionar para que isso não volte a acontecer com os nossos craques. Temos que pensar um modo de alertar a comunidade corinthiana para resgatar a história dos que já foram e amparar um monte de atletas que deram o sangue para o nosso clube e estão à míngua, como é o caso do Ezequiel, entre outros. Mas, repito, esse movimento pode ser a luz no fium do túnel para acabar com esse tipo de injustiça. Abraços.